Maioria dos jogadores são-paulinos nunca venceu o Corinthians
A maior parte do elenco atual do São Paulo está acostumado a resultados negativos diante do Corinthians. A reformulação constante do grupo tornou distante a lembrança da época de domínio sobre o arquirrival.
O período sem vitórias do time do Morumbi sobre os corintianos dura desde fevereiro de 2007 (três anos e cinco meses). Antes, eram os são-paulinos que ostentavam um longo tabu sobre o oponente. Do provável time que atuará no domingo, só Rogério, Miranda e Ricardo Oliveira viveram a época de triunfo sobre a equipe alvinegra.
Outros atletas chegaram ao São Paulo já com a escrita em favor dos rivais em andamento. Casemiro, Fernandão e Xandão, no entanto, ainda não jogaram no clássico. Junior César é um dos atletas que, desde sua chegada ao clube, não sabem o que é bater o adversário alvinegro.
“Tabu existe para ser quebrado. Estamos preparados para fazer um bom jogo e obter um bom resultado”, afirmou o lateral esquerdo. A falta de vitórias sobre o Corinthians, de fato, não é uma boa lembrança.
“Incomoda. Mas faz parte do futebol e temos que voltar a vencer”, reconheceu o volante Cléber Santana. Nesta quarta-feira, Fernandão e Carlinhos Paraíba não treinaram por dores musculares, mas é provável que o primeiro comece jogando no domingo.
Na formação do elenco, a diretoria do São Paulo ainda analisa se fechará com o lateral direito Ilsinho. Já o atacante Dagoberto, que deu sinais de poderia sair, ficará no clube, segundo seu agente.
Terrão: certo por linhas tortas
Corinthians formou grandes jogadores em campo sem grama, esburacado e recheado de pedrinhas. Agora, local tem grama sintética
Ronaldo; Coelho, Marcelo Djian, Cris e Wladimir; Zé Elias, Edu e Rivellino; Dinei, Casagrande e Viola. Esse timaço nunca jogou junto pelo Corinthians, mas os 11 jogadores têm em comum a origem: todos saíram do Terrão, tradicional campo no Parque São Jorge onde eram realizadas as peneiras do clube e treinamentos das categorias de base. Em outubro de 2008, o lugar de terra batida, esburacado e até com pequenas pedras foi substituído por um moderno gramado sintético.
Muitos dos que passaram por lá vingaram no futebol por, digamos, linhas tortas. A péssima qualidade do campo acabava exigindo mais dos jogadores em fundamentos básicos como o domínio de bola e o passe. O lateral-esquerdo Wladimir, recordista de jogos pelo Corinthians - são 803 -, é um dos filhos do Terrão. Treinar naquele lugar não era para qualquer um.
- Na minha época, nós fazíamos os treinamentos no terrão. Aquilo era só para quem tinha habilidade mesmo, porque a situação do campo era terrível. Ou você mostrava que tinha o dom ou um abraço. Era uma terra dura, a bola não rolava. Eu tinha de pedir pelo amor de Deus para ela me obedecer - disse o ídolo corintiano.
Na época de transição entre o Terrão e a grama sintética, o atacante Viola se mostrou insatisfeito. Formado na base do clube, ele passou por peneiras no Parque São Jorge e diz ter aprendido mais ali do que se tivesse sido "criado" em um gramado perfeito.
local (Foto: Leandro Canônico / Globoesporte.com)
- Eu fico muito triste com isso e não aprovo. O cara que treina no Terrão sai de lá habilidoso, sabendo cair. Na grama sintética, quem for dar um carrinho vai se ralar. Acaba tendo a mesma proporção de machucados que na terra. Sem contar que é importante o garoto saber quantos craques foram formados lá - afirmou Viola, em outubro de 2008, logo que soube do anúncio do fim do Terrão.
Além dos 11 jogadores que formam a seleção citada acima, o campo de terra batida revelou outros nomes que fizeram sucesso pelo Timão - e também em outros clubes: Paulo Sérgio, Betão, Ewerthon, Gil, Fernando Baiano, Marcelinho Paulista, Jô, Sylvinho, Marques, Kléber, Willian, Rosinei, Rubinho... A lista é quase interminável.
Hoje, com grama sintética, o ex-Terrão segue recebendo peneiras para novos atletas do Corinthians. Modernizado, o campo não guarda qualquer semelhança com seu antecessor. Deixa saudades em quem pisou por lá e se sujou de terra, mas saiu com um aprendizado maior. Para Wladimir, já não há mais tantos talentos quanto em sua época.
- Antigamente, os treinadores da base sabiam das dificuldades que iríamos enfrentar nos campos. Prevalecia o talento. Isso nos dava certa segurança, porque nós sabíamos que não tinha sacanagem. Hoje, de uma maneira geral, tem aqueles que recebem dinheiro para beneficiar esse ou aquele. Hoje em dia as condições das peneiras e dos campos de treinamentos melhoraram, mas por outro lado falta material humano - lamentou Wladimir.
Tabu de 42 meses contra o Corinthians e fiascos em clássicos pressionam São Paulo
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São Paulo não vence o Corinthians desde fevereiro de 2007; neste ano, derrota no Pacaembu por 4 a 3
O São Paulo ainda vive uma fase conturbada após a eliminação na Copa Libertadores e tem pela frente, no segundo desafio do técnico interino Sérgio Baresi, um jejum de 42 meses sem vitórias sobre o rival Corinthians, adversário de domingo pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. Pesa também um retrospecto negativo em clássicos durante a temporada.
Em 2010, o time tricolor sofreu seis derrotas em confrontos com os rivais paulistas (quatro para o Santos, uma para o Palmeiras e uma para o Corinthians) e ganhou apenas do Palmeiras, pela quarta rodada do Brasileirão, em maio. Já o último triunfo sobre o rival de Parque São Jorge aconteceu em fevereiro de 2007.
“Incomoda, porque sempre é bom ganhar clássico. Faz parte do futebol, e vamos trabalhar durante a semana porque são os detalhes que definem a partida”, comentou Cleber Santana na manhã desta quarta-feira, após treino no CT da Barra Funda. “Espero que dessa vez a gente possa estar com o fator sorte ao nosso lado para domingo."
“Tabu sempre existe e foi feito para ser quebrado. Tivemos infelicidades nos últimos jogos contra eles, mas estamos nos preparando para realizar um grande jogo”, endossou Junior Cesar.
Nos últimos nove duelos com o São Paulo, o Corinthians ganhou cinco e empatou quatro. Além disso, a equipe alvinegra aparece melhor na tabela de classificação – é vice-líder, com 28 pontos. O time do Morumbi está em 13º, com 17.
Na última terça, Baresi admitiu a superioridade da equipe de Adílson Batista. “Eles estão muito mais entrosados do que a gente, bem mais compactos, e nós estamos nesse caminho da compactação, buscando o entrosamento. Estamos em desenvolvimento”, observou o interino.
A tendência é o São Paulo entrar em campo domingo, às 18h30, no Pacaembu, com: Rogério Ceni; Jean, Xandão, Miranda e Junior Cesar; Casemiro, Rodrigo Souto, Cleber Santana e Marlos; Fernandão e Ricardo Oliveira.
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