|
Com 'fiel engravatada' e na casa do rival, Corinthians de 1929 inspira filme
Filme "100 anos de Timão" apresenta 1º registro em vídeo do Corinthians, em 1929
O Corinthians ainda era um jovem de 19 anos, mas já despertava o fanatismo de milhares de torcedores. O DVD "Todo Poderoso: O Filme -100 Anos de Timão", que será lançado estrategicamente em 1º de setembro, utilizou uma maneira criativa e inédita para explorar um tema recorrente em produções anteriores sobre o clube: a estreita relação da fiel com o time alvinegro.
CORINTHIANS NO PALESTRA ITÁLIA EM 1929
-
Achado após 80 anos, rolo com vídeo inspirou DVD 'Todo Poderoso: O Filme ? 100 Anos de Timão'
-
Torcedores corintianos lotaram o Palestra Itália, casa do rival, para ver os jogos contra o Bologna
Um rolo empoeirado no Cine Roma e achado somente em 2004 serviu de combustível para a criação do "100 Anos de Timão", cuja pré-exibição ocorreu na quarta-feira, para a imprensa, no Memorial do Clube, no Parque São Jorge.
Foram recuperados dois amistosos envolvendo atletas corintianos, ambos contra o Bologna, da Itália. O local dos dois amistosos não poderia ser mais inapropriado: o Palestra Itália, casa do time que anos depois se tornou Palmeiras e maior rival corintiano.
No primeiro amistoso, em outubro de 1929, a Seleção Paulista foi toda ela representada pelo Corinthians, que venceu o clube italiano por 6 a 4. No segundo duelo, o time paulista, desta vez com o seu uniforme oficial, derrotou o Bologna por 6 a 1.
Ao terem a dimensão do valor contido no rolo, que não precisou ser restaurado devido à boa conservação, os diretores Ricardo Aidar e André Garolli adicionaram materiais do clube das décadas seguintes, totalizando exatos 100 minutos de filme.
O diferencial de "100 Anos de Timão" sobre as demais produções do gênero (Fiel ou 23 anos em 7 Segundos) é o fato de exibir o 1º registro em vídeo de jogos do Corinthians, ambos em 1929, período de grave recessão econômica mundial e a um ano da estreia da Copa do Mundo.
O filme apresenta arquivos dos dois jogos realizados em tardes ensolaradas e festivas. O perfil "bando de louco" da torcida corintiana da década de 20 é semelhante ao de hoje, porém mais contido nos gestos e gritos. Parte do público acompanhou os amistosos contra o Bologna pendurando em arquibancadas de madeira, se espremendo na lateral.
A principal diferença entre o corintiano da década de 20 e do atual é a vestimenta. A linha "corintiano, maloqueiro, sofredor" ainda não era moda entre os torcedores do time. Todos assistiam aos jogos "na estica", com direito a chapéu e bigode delineado.
Para acentuar o conceito de vintage, a edição do filme evitou retoques no vídeo dos jogos, intercalando imagens em preto e branco com textos originais cheios de "ph" exibidos em fundo escuro. A boa conservação do rolo foi fundamental para isso.
O filme invariavelmente segue a receita dos outras produções ligadas ao Corinthians: dificilmente atrairá torcedores de outras equipes, mas aguçará o ego do corintiano, que convive com a eterna cobrança por não ter uma Libertadores, mas que se orgulha por ser simplesmente corintiano.