Felipe: 'Corinthians forma um ídolo e depois quer destruir'
Goleiro concede entrevista ao LANCENET! antes de embarcar para Portugal. Lá, vai assinar com o Braga
Felipe assinou a recisão de contrato com o Timão na quinta-feira (Foto: Dirceu Neto)
Felipe não é mais goleiro do Corinthians, mas não tira o clube paulista do coração. Pelo menos é o que garantiu nesta entrevista exclusiva ao LANCENET! , horas antes de viajar para Portugal. Lá, vai assinar contrato com o novo clube dele, o Sporting Braga.
Confira abaixo o ex-camisa 1 do Timão dizendo que o clube cria e destrói ídolos, explicando toda a confusão que gerou sua saída e garantindo que gostaria de voltar ao Alvinegro, mas não com essa diretoria.
Editor do LANCENET! comenta saída de Felipe
Felipe agradece torcida do Corinthians em carta
Confira:
LANCENET!: O que aconteceu, no fundo, nessa confusão toda?
Felipe: Até eu fico me perguntando como é que tudo acabou dessa forma. Falam que eu não gostava da diretoria, que a diretoria não gostava de mim, que eu ficava forçando para ir embora, mas acho que isso não é motivo para todo esse circo que foi armado. Não precisava disso tudo. Eu não merecia, o clube também não, mas aconteceu e bola para a frente.
LNET!: Como isso começou?
F: Dizem que foi pela renovação de 2007, que teve a proposta do Fluminense. Mas a única coisa que houve foi que o presidente, antes do jogo contra o Grêmio, prometeu a renovação. Até então, estava tudo certo, mas caímos aquele ano. Saí de férias tranquilo, sabendo que no dia 4 voltaria. Com a chegada do Antônio Carlos, ele criou um problema, falando que eu já tinha sido rebaixado outras vezes, criou um mal-estar, mas foi superado. Não tenho problema com nenhum atleta. Sempre tive respeito pelos companheiros. Ainda falo com eles, alguns me ligam depois dos jogos. Eu sempre fui de falar o que penso e tem gente que não gosta. Prefere que baixe a cabeça e conte uma mentira. Eu sempre fui assim e talvez eles possam não gostar.
LNET!: E foi isso que chateou você?
F: Foi, né. Foram três anos, quase 200 jogos, três títulos. Todo mundo pensa em jogar fora, mas, para mim, não era uma obsessão sair. Principalmente da forma que estou saindo. Hoje, tudo o que eu tenho, tudo o que eu sou agradeço ao Corinthians. Não queria fechar uma porta. Sem dúvida, eu queria voltar a jogar pelo Corinthians. Mas com toda essa situação, a diretoria falando que eu era patrimônio e me jogando contra o torcedor, fico chateado. Mas bola para a frente. O Corinthians é maior do que eu, o Andrés e todo mundo.
LNET!: Você era ídolo do Corinthians e sai pela porta dos fundos...
F: O Corinthians forma um ídolo e depois ele mesmo quer destruir. Quando eles veem que um jogador começa a ser idolatrado pela torcida, fazem alguma coisa para que isso não aconteça. Parece que eles têm medo de ter novos ídolos. Veja os últimos idolos. Não lembro um que saiu de forma tranquila. Não fui o primeiro, nem vou ser o último a sair assim. Mas seria bom o clube mudar esse pensamento.
LNET!: E como foi o papo com o Andrés após o bate-boca pela TV?
F: Quando cheguei ao clube, fomos almoçar em uma churrascaria. Conversamos, perguntei o que tinha contra mim. Ele falou que nada, que gostava de mim, mas que tinha de defender o clube.
LNET!: Se não tivesse acontecido isso, acha que teria sido convocado pelo Mano para a Seleção?
F: Nunca tive problema com o Mano. Só em 2008, quando fui afastado. Mas depois vi que ele tinha razão em algumas coisas. Acredito que se eu estivesse jogando normalmente, tinha grande chance.
LNET!: E o que os jogadores falavam para você em meio à confusão?
F: Falavam para eu ter paciência. Um dia encontrei o Ronaldo e ele disse: “Tenha calma. Conversei com o Andrés. Ele falou que vai deixar você sofrer mais um pouquinho e depois vai reintegrar ao elenco.” O Roberto Carlos falou: “Paciência. Falei com o Andrés, ele falou que você vai voltar.”