Corinthian-Casuals: 100 anos depois, orgulho por batizar um gigante
Clube inglês que 'deu nome' ao Corinthians brasileiro é amador, só tem dois empregados remunerados e vive da colaboração de 142 sócios
“O mais importante time amador do mundo”. Assim os ingleses do Corinthian-Casuals FC gostam de se autodenominar. E eles têm motivo para tanto orgulho.
Quem chega desavisado ao bairro de Tolworth, no sudoeste de Londres, Inglaterra, e se depara com a modesta estrutura do clube, pode até pensar que ali está mais uma equipe amadora qualquer. Puro engano.
O Corinthian inglês (assim mesmo, sem o “S”) tem história para contar. Há exatos 100 anos excursionavam pelo Brasil e, foi inspirado neles, que um grupo de operários do bairro paulistano do Bom Retiro decidiu batizar o novo clube. Nascia, no dia 1º de setembro de 1910, o Sport Club Corinthians Paulista.
Um século depois, a relação entre os clubes é a seguinte: gratidão alvinegra pelo batismo e, muita admiração e orgulho dos europeus, que têm em seu uniforme as cores marrom e rosa, por fazerem parte da história do Timão.
- Nós temos uma admiração enorme pelo Corinthians. É um orgulho ter esta ligação eterna com um clube de tanta importância no futebol mundial - disse o presidente do xará inglês, Brian Vandervit.
O Corinthian nasceu em 1882. O Casuals em 1883. Em 1939 eles se juntaram e formaram o Corinthian-Casuals. Atualmente, o clube tem 142 sócios e disputa o equivalente à oitava divisão do campeonato nacional, competição em que todas as outras equipes são profissionais.
- Jogar aqui é especial, pois temos na tradição do clube o nosso maior prazer. Não somos profissionais, jogamos por puro prazer - revelou Gavin Cartwrite, zagueiro do time desde 2002 e gerente de projetos fora das quatro linhas.
Dentre todos os integrantes do Corinthian-Casuals, dos jogadores ao presidente, apenas dois são remunerados. A fisioterapeuta e o rapaz que trabalha no único bar do clube. Os demais trabalham porque gostam. A recompensa para os atletas vem de outras maneiras.
- Aos quarenta anos de idade eu pude jogar no Pacaembu, contra jogadores como, por exemplo, Sócrates. Faz mais de 20 anos e parece que foi ontem, de tão mágico - recorda o ex-meia Tony Slade, veterano dos ingleses em 1988 e assíduo freqüentador do clube até hoje.
Foram duas as vezes que os ingleses enfrentaram o alvinegro de Parque São Jorge. Além desta, em 1988, a outra ocorreu em 2001.
- Talvez, para o Corinthians, esses amistosos não tenham sido tão importantes quanto foram para nós. Pode ter certeza que foi uma das melhores experiências de nossas vidas ter contato de perto com a imensa torcida corintiana - disse Tony.
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Com um grupo de jogadores amadores, o presidente do Corinthian-Casuals não hesitou ao ser questionado sobre qual atleta do Timão gostaria de ver atuando no modesto estádio King George´s Arena:
- Ah, o Ronaldo, com certeza. Essa pergunta foi muito fácil, pode fazer outra - brincou o mandatário.