Piloto da Scania Corinthians Motorsport analisa que campanha para o bi contrariou a lógica da matemática
Embora consumada longe dos gramados do futebol brasileiro, a conquista do título da Fórmula Truck por Roberval Andrade, no último domingo (05), fez-se marcar por detalhes que são habitualmente verificados nas vitórias e nos títulos do Corinthians. Uma alusão que se faz pertinente pelo fato de Andrade ter disputado a temporada de 2010 pilotando o caminhão número 100 da Scania Corinthians Motorsport, numa parceria alusiva ao centenário do clube.
“Esse título teve o estigma do Timão. Quando o Corinthians conquista um título é sempre sofrido, sempre aos 47 minutos do segundo tempo. Foi mais uma conquista de muita superação”, definiu Andrade, que tornou-se campeão da Truck pela segunda vez com a vitória de ponta a ponta na última etapa, em Brasília. Ele chegou à capital federal como vice-líder do campeonato e, para o título, dependia de uma complicada combinação de resultados na etapa decisiva.
Ao repetir o título que já havia conquistado na F-Truck em 2002, Roberval Andrade reverteu uma lógica matemática. “Esse nosso título, primeiro, foi contra todos os prognósticos. Só o que havia a nosso favor era uma leve possibilidade matemática, além da confiança no trabalho da equipe”, declarou. “Foi o trabalho de um ano todo, o sonho só se tornou viável, mesmo, a 10 minutos do fim do campeonato”, acrescentou o piloto da Scania Corinthians Motorsport.
Andrade, para chegar ao bicampeonato da Truck, conquistou vitórias nas etapas do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Londrina, de Curitiba e de Brasília. Foi o único piloto a vencer mais de uma vez na temporada – Felipe Giaffone, Valmir “Hisgué” Benavides, Wellington Cirino, Geraldo Piquet e Beto Monteiro venceram uma prova, cada. O número de vitórias definiu o título como critério de desempate – tanto Andrade quanto Giaffone terminaram o ano com 176 pontos.
O campeão de 2010 admite que a quebra do cardã de seu caminhão na oitava e antepenúltima, no circuito gaúcho do Velopark, trouxe um momentâneo desânimo quanto à disputa pelo título. “Eu saí de lá em terceiro no campeonato, a 24 pontos do líder, que era o Felipe, e com duas corridas pela frente. Seria muito difícil reverter. Mas o trabalho, tanto meu quanto da equipe, é manter o foco, e nós nos esforçamos para nunca perder a motivação”, ponderou.
Na penúltima etapa, em Curitiba, Andrade dominou os treinos livres, fez a pole-position e venceu de ponta a ponta. O único ponto que deixou de marcar foi o de bonificação pela volta mais rápida da corrida, assinalada por Giaffone. Saiu da capital paranaense 17 pontos atrás do adversário. Em Brasília, depois de também liderar todas as sessões de treinos, Andrade obteve os 32 pontos possíveis, com a pole, a volta mais rápida, a liderança parcial e a vitória.
“Foi no limite máximo”, reconheceu o campeão. “Nós viemos a Brasília focados em fazer a nossa parte, e fizemos, mas dependíamos do Felipe não ficar entre os três primeiros. Quando faltavam 10 minutos para o fim da corrida ele era terceiro, e nas voltas finais perdeu o terceiro lugar para o Cirino. Foi a combinação de resultados perfeita para nós, tanto é que nós só fomos campeões por causa dos critérios de desempate”, continuou o piloto paulista.
Na volta de retorno aos boxes, após a quinta vitória na temporada – e 20ª na categoria –, Andrade não sabia que era campeão. “Eu procurava fazer contas, sabia que o Felipe tinha sido quarto, mas não estava lembrando do ponto extra da volta mais rápida. Quando a equipe confirmou pelo rádio que o título era nosso, foi uma emoção e tanto. Só nós temos noção de quantos sacrifícios foram feitos, e do quanto cada contratempo dificultou essa conquista”, desabafou.
Além das etapas que venceu, Roberval Andrade liderou outras quatro. E, em todas elas, enfrentou algum tipo de problema. “Abandonar uma corrida quando a liderança é nossa é frustrante, claro, mas também mostra a competitividade que a gente atingiu. Isso foi fundamental para a gente manter a motivação”, atribuiu. “A cada etapa nós fomos conhecendo ainda melhor nossa capacidade de superação, isso impediu que as dificuldades nos fizessem desistir do título”.
A Truck, por regulamento, atribui pontos de bônus aos cinco primeiros colocados quando a corrida chega a um terço. Andrade recebeu bônus por liderar oito corridas nesse instante. Em outra, era o segundo colocado. Ele teve, durante a temporada de 2010, o apoio de Scania, Knorr-Bremse, Banco PanAmericano, Guerra, Mann, Superpar, Ibero Eixos, Nino Faróis, KS Pistões, ZF, Truckvan, Frum, Tanesfil, Cia. Athetica, Fix Implementos e Yamaha.
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