Muitos fizeram história com a camisa alvinegra - alguns até sem títulos. Em comum, todos ganharam a paixão eterna da Fiel Torcida
Em 100 anos de história, o Corinthians coleciona ídolos e grandes nomes que vestiram o manto alvinegro. A lista é interminável e vai desde Neco, o primeiro ídolo, nos anos 10, até Ronaldo, atual craque do elenco corintiano e que luta para voltar a jogar. Entre um e outro, dezenas de nomes inesquecíveis passaram pelo Parque São Jorge. Há um maior ídolo? Aí, depende da geração...
Hoje, Ronaldo e Roberto Carlos são os nomes que mais se destacam. O camisa 9, em um ano e meio de clube, conquistou dois títulos - sendo decisivo em ambos. Até este fim de semana, foram 55 jogos e 30 gols pelo Timão. Desses gols, alguns foram inesquecíveis: o golaço por cobertura em Fábio Costa, do Santos, na final do Campeonato Paulista de 2009, e um na decisão da Copa do Brasil, contra o Internacional, são bons exemplos.
Em 2009, Ronaldo deu inúmeras alegrias à Fiel: ele é o ídolo mais recente do clube (Foto: AFP)
Há cinco anos, o maior ídolo do clube tinha sotaque castelhano e despertou paixão imediata na Fiel. O argentino Carlitos Tevez chegou como "presente de Natal" da parceira MSI, no fim de 2004, e imediatamente caiu nas graças da torcida por aliar técnica e raça com perfeição. Pelo Timão, ele venceu o Brasileirão de 2005 e deixou saudades quando saiu em 2006 - rumo ao West Ham, da Inglaterra.
Carlitos Tevez ganhou um Brasileiro (Foto: Lance)
Nenhum dos dois, porém, consta na lista dos dez melhores elaborada pelo historiador Celso Unzelte, autor do livro "Os Dez Mais do Corinthians". Em conjunto com corintianos ilustres, Unzelte levantou nomes que poderiam ser alçados à lista e chegou a 13. Isso porque há três diferenças entre a lista pessoal dele e a escolhida pelos especialistas.
Os 13 escolhidos foram Cláudio, Baltazar, Luizinho, Neco, Gilmar, Rivellino, Zé Maria, Wladimir, Sócrates, Neto, Marcelinho Carioca, Neco, Teleco e Basílio. Na sua lista pessoal (veja na tabela abaixo), Celso tira Gilmar, Zé Maria e Wladimir. A escolha foi bem balanceada levando-se em conta a história centenária do Corinthians, pois há ídolos de praticamente todas as décadas. Para Unzelte, Tevez e Ronaldo são grandes ídolos, mas não na categoria do grupo acima.
Marcelinho Carioca teve passagem marcante pelo clube, em três oportunidades (Foto: Arquivo / O Globo)
10 ÍDOLOS (Por Celso Unzelte) | |
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Neco (atacante) | 1913/30 (296 jogos e 235 gols) |
Luizinho (atacante) | 1948/60, 64/67 e 96 (603 jogos e 175 gols) |
Baltazar (atacante) | 1945/57 (401 jogos e 266 gols) |
Cláudio (ponta-dir) | 1945/57 (549 jogos e 305 gols) |
Rivellino (meia-esq) | 1965/74 (474 jogos e 144 gols) |
Teleco (atacante) | 1934/44 (246 jogos e 251 gols) |
Basílio (meia-dir) | 1975/81 (253 jogos e 29 gols) |
Sócrates (meia-dir) | 1978/84 (298 jogos e 172 gols) |
Neto (meia-esq) | 1989/93 e 96/97 (227 jogos e 80 gols) |
Marcelinho Carioca (meia) | 1994/97, 98/01, 2006 e 2010 (433 jogos e 206 gols |
- Existe um segundo grupo de grandes ídolos que poderia entrar. Ronaldo pode até ser lembrado entre eles. Entre os nomes citados para integrar o livro estiveram os seguintes: Carbone, Casagrande, Gamarra, Roberto Belangero, Dida (goleiro), Domingos da Guia, Zenon, Grané, Idário, Palhinha, Rincón, Ronaldo (goleiro), Tevez, Vampeta, Viola e Dinei - listou o historiador.
Três jogadores estão empatados na liderança de títulos pelo Timão, com oito: Del Debbio (anos 20 e 30), Marcelinho Carioca e Kléber (ambos da geração 90/2000). O último deixou o clube rumo ao Santos e pegou bronca da torcida depois que, em uma festa do Peixe, acabou cantando músicas depreciativas ao Corinthians.
Marcelinho é, pelo menos para os mais novos, o maior ídolo da história do Timão. Chegou em 1994 sem muita pompa, vindo do Flamengo, mas logo se destacou com cobranças de falta perfeitas e uma identificação relâmpago com a Fiel. Tinha duas marcas registradas: a "conversa" com a bola antes das faltas e a indefectível comemoração girando os braços. Teve três passagens, mais um jogo comemorativo no início deste ano, contra o Huracán, da Argentina.
Ao lado dele, nomes como Vampeta, Rincón, Edílson e Gamarra também entraram na história do clube. Apenas o último não estava na conquista do Mundial de 2000, diante do Vasco. O paraguaio, entretanto, é tido como um dos maiores zagueiros corintianos. Na Copa do Mundo de 1998, pela seleção de seu país, ele passou os quatro jogos sem cometer uma falta sequer.
Passado rico em ídolos eternos
Praça no Parque São Jorge tem busto de Neco
(Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Neco foi só o primeiro dos grandes da história corintiana. Ele, aliás, era tão apaixonado pelo clube que em certa oportunidade chegou a realizar um "assalto" na sede do Timão para esconder o patrimônio em sua casa. Isso porque, em 1915, o clube estava ameaçado de fechar e ter seus móveis penhorados por conta de dívidas da época.
Neco é o jogador que mais tempo defendeu as cores do clube: 17 anos, entre 1913 e 30. Nesse período, participou dos primeiros títulos da equipe, como os Paulistas de 1914 e 16. Merecidamente, ganhou um busto dentro do Parque São Jorge. Por muito tempo, foi o único a ter tamanha honra.
Nos bustos, fazem companhia a ele três estrelas dos anos 50: Baltazar, Luizinho e Cláudio. Ou "Cabecinha de Ouro", "Pequeno Polegar" e "Gerente". O trio de ataque arrasador fez história no Corinthians, principalmente no ano de 1954, quando conquistaram juntos o título paulista que celebrava o IV Centenário da cidade de São Paulo. Em 51, eles obtiveram uma façanha: em apenas 28 jogos, o Timão fez 103 gols, média de 3,67 por jogo. Carbone foi o artilheiro, com 30 tentos marcados.
Luizinho pelo Corinthians, em 1961
(Foto: Arquivo / Ag. Estado)
Pouco antes, entre 1934 e 44, quem reinava era o centroavante Teleco. Com a camisa alvinegra, sua média de gols foi superior a um por jogo (251 em 246 jogos). O desempenho supera até o de Pelé, Rei do Futebol. O paranaense de Curitiba era especialista em uma jogada - o voleio no qual girava o corpo para atingir a bola.
Durante o período do jejum, entre 54 e 77, o Timão contratou ídolos brasileiros que pouco se destacaram no clube. Mesmo assim, não deixaram de ser ídolos. O maior exemplo é o de Garrincha. Já com 33 anos, ele não tinha pique suficiente para repetir as jogadas que encantaram o mundo nas Copas de 1958 e 62. Mas era um ídolo raro num período de escassez corintiana. O craque fez 13 jogos e marcou dois gols. Já Rivellino, entre 1965 e 74, foi o Reizinho do Parque. Mas a pressão pela falta de títulos foi grande demais e ele acabou deixando o clube após uma derrota para o Palmeiras na final do Paulista de 74.
O responsável pela quebra do tabu nem chegava a ser um craque, mas ficou para sempre na memória do torcedor graças ao momento que proporcionou. Basílio foi o agraciado para finalizar aquele bate-rebate na zaga da Ponte Preta, na final do Campeonato Paulista de 1977. O meia desferiu um chute certeiro no gol da Macaca e tirou um grito que estava engasgado na garganta havia quase 23 anos.
Sócrates ganhou dois Paulistas em cima do rival São Paulo, em 82 e 83 (Foto: Arquivo / Ag. Estado)
Quase na mesma época, chegou Sócrates. O revolucionário Sócrates. Apaixonado pelo Timão, ele veio do Botafogo de Ribeirão Preto e deu o toque de classe que a Fiel há muito não via. Bastante politizado, ele foi um dos pilares da Democracia Corintiana, movimento inédito na história do futebol brasileiro. Ao lado de seu grande amigo Casagrande, além de Wladimir, Zé Maria, Zenon, entre outros, ele conquistou os Paulistas de 1982 e 83.
No início dos anos 90, um outro ídolo veio à tona: Neto. Praticamente sozinho, ele ganhou o Campeonato Brasileiro de 1990, primeiro Nacional da história do Timão. Dois anos antes, em 88, o atacante Viola entrou para a galeria dos grandes ao marcar de carrinho, no melhor estilo corintiano, o gol do título paulista daquele ano.
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