Torcedores do Timão, mas profissionais, eles enfrentaram o clube do coração em diferentes oportunidades. Goleiro é até sócio de organizada
Jogar contra o Corinthians é sempre difícil. Imagine então se você for um torcedor do Timão? É quase como um jogador naturalizado enfrentar seu país de origem... No futebol profissional, é difícil de acontecer. Mas, em pelo menos duas ocasiões, dois corintianos sentiram o amargo gosto de estar contra a Fiel: o atacante Casagrande, revelação e ídolo do clube, e o goleiro Renê, que nunca jogou pelo Alvinegro, mas é torcedor fanático e sócio de carteirinha da maior organizada do clube.
Casão fez história no Timão ao lado de Sócrates, Wladimir, Zenon e companhia, naquela que ficou conhecida como a Democracia Corintiana. Em 1993, pelo Flamengo, ele voltou ao Pacaembu como adversário (veja no vídeo acima). E sentiu na pele o carinho da massa que o admirava mesmo em outro clube, aos gritos de "Volta Casão, seu lugar é no Timão".
- Arrepia, não tem como dizer que não arrepia. Jogando contra aquela torcida e tendo seu nome gritado? Acredito que pouca gente teve esse privilégio - disse Casagrande.
No ano seguinte, ele atendeu ao pedido da torcida e retornou ao Corinthians, para uma breve passagem. Ao todo, foram 256 jogos e 103 gols com a camisa alvinegra.
- Qualquer um que joga contra o Corinthians se impressiona com a força da torcida. Sorte minha que na maioria das vezes atuei a favor dessa massa - ressaltou o artilheiro.
O sócio número 20.070
Outro caso é ainda mais interessante. O goleiro Renê, hoje no Bahia, nunca vestiu a camisa corintiana - pelo menos dentro de campo. Fora dele, o arqueiro é torcedor fanático e sócio da Gaviões da Fiel, maior organizada do Timão. E tudo isso veio à tona depois de um jogaço que fez contra o time do coração.
Série B, 13 de setembro de 2008: o Corinthians pressiona o Barueri no Pacaembu, mas para nas mãos de um ágil e desconhecido goleiro (veja o vídeo ao lado). Renê fez o jogo da vida naquela tarde de sábado e só foi superado aos 49 minutos do segundo tempo, quando André Santos fez o gol da vitória corintiana. Depois do apito final, Renê fez a revelação.
- Ali, no calor do jogo, falei que sou corintiano. Todo mundo descobriu ali. Sou sócio da Gaviões, carteirinha número 20.070. E é de plástico ainda, acho que de 1992, quando eu tinha uns 16 anos. Então sou das antigas (risos). Gastava uma tarde inteirinha para ir ao Pacaembu. Morava em Interlagos, pegava ônibus até o Jabaquara e depois ia de metrô - relembrou Renê.
O camisa 1 do Bahia nem se lembra quando começou a paixão pelo Corinthians. Mas hoje, como profissional, ele tem de suar a camisa por quem lhe paga o salário. Já foram cinco jogos contra o Timão: três pelo Barueri (atual Grêmio Prudente), um pelo América-RN e outro pelo Mirassol, no Paulistão desse ano.
- Meu pai era corintiano, mas não me lembro o dia exato em que eu virei. Sempre frequentei Pacaembu, Morumbi, até que resolvi virar atleta. Como profissional, tenho que dar a vida por quem me sustenta, não é? - indagou Renê, bem humorado.
Recentemente, ele esteve nas arquibancadas acompanhando o Timão - ainda que escondido, ou camuflado. E, aos 32 anos, ainda espera uma oportunidade de jogar no clube que tanto ama.
- Estive em dois jogos ultimamente: em 2008, aquele Corinthians x Goiás que o Felipe mandou os caras chuparem uva (4 x 0, pela Copa do Brasil). Depois, um Corinthians x São Paulo em 2009, aquele que o André Dias deixou a bola nos pés do Ronaldo (1 x 1, pelo Brasileiro). Vou sempre quietinho, escondido, de touca. Tenho muita amizade na torcida, aí todo mundo me via camuflado e vinha brincar. Tenho o sonho de ainda jogar no time, já estive perto, mas tudo tem sua hora. Tenho pressa, pois estou com 32 anos (risos) - completou o goleiro-torcedor.
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