Apoio da torcida, reforços importantes e comando técnico de qualidade fizeram o Corinthians montar uma base vencedora após afundar em 2007
2 de dezembro de 2007. Uma data que todo corintiano gostaria de esquecer, mas que de certa forma entrou no calendário alvinegro para que nunca mais se repita algo parecido. Não há dúvida de que o rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro foi o capítulo mais triste da centenária história do Corinthians. Por outro lado, a maneira como o time recuperou seu lugar na elite do futebol fez a ferida cicatrizar rapidamente. Não à toa, o Timão é hoje forte candidato ao título nacional.
(Foto: Divulgação)
Esse processo todo começou ali mesmo, no estádio Olímpico, em Porto Alegre, onde o Timão empatou por 1 a 1 com o Grêmio, na última rodada daquela edição do Brasileirão. Entre choros, cantos de apoio e protestos, a diretoria viu que era preciso mudar muita coisa. A começar pelo técnico. E ele, curiosamente, era o adversário naquele fatídico dia: Mano Menezes. Agora na Seleção Brasileira, o treinador conquistou três títulos em dois anos e meios de Corinthians.
- Quando eu assumi o Corinthians eu disse que era o maior projeto do futebol naquele ano porque acreditava realmente nisso, no projeto apresentado e na força do clube – declarou recentemente o treinador da Seleção Brasileira.
Mano foi apresentado no Timão na mesma semana em que representantes das organizadas do Timão cercaram o presidente Andrés Sanches dentro do clube e exigiram uma reação. O mandatário entendeu o recado, o repassou para o novo elenco e comissão técnica. Porém, no primeiro desafio, o Paulistão, viu o clube ficar fora da fase final do torneio. Resultado: muros pichados em forma de protesto. A atitude da torcida, porém, foi leve se comparada com outras crises.
Até porque o time seguia vivo na Copa do Brasil. Na competição, por sinal, o Corinthians mostrou forte poder de reação ao ganhar do Goiás de 4 a 0 nas oitavas de final, depois de perder por 3 a 1 fora de casa. O jogo foi tão emblemático que o Timão embalou até a final. Chegou a fazer 3 a 1 no Sport no primeiro jogo, no Morumbi, mas na Ilha do Retiro, no Recife, perdeu por 2 a 0 e ficou apenas com o vice. Não houve protestos significativos. A torcida aceitou bem o tropeço.
Afinal, o objetivo máximo era o retorno à Série A. E essa meta o Corinthians atingiu com certa facilidade. Antes de se sagrar campeão da Segundona, o clube assegurou o acesso à elite com seis rodadas de antecedência, com uma vitória por 2 a 0 sobre o Ceará e uma linda festa no estádio do Pacaembu. Eufóricos, o goleiro Felipe e o atacante Dentinho, remanescentes do time de 2007, se jogaram nos braços da Fiel.
- Depois que o maior de todos caiu, qualquer um pode cair. Nós voltamos com dignidade – costuma dizer o presidente Andrés Sanches.
2009 fenomenal
Iniciava-se, então, uma era fenomenal no Corinthians. Ainda embalado pelo retorno à elite, o Corinthians surpreendeu no dia 9 de dezembro de 2008 ao anunciar a contratação de Ronaldo. Desacreditado por conta do tempo parado após nova lesão no joelho, dessa vez no Milan, o atacante se recuperou e liderou o Timão naquela que seria a reafirmação do time como uma potência do futebol.
Com o Fenômeno reforçando a base que ganhara a Série B, o Corinthians foi campeão paulista invicto e levou também a Copa do Brasil, assegurando vaga na Libertadores do ano do centenário. Mas o sonho da inédita conquista acabou nas oitavas de final, diante do Flamengo. De qualquer maneira, o Timão está na disputa do título brasileiro, em busca mais uma vez de um lugar no torneio sul-americano.
Show musical
(Foto: GLOBOESPORTE.COM)
O processo de queda e volta do Corinthians levou às arquibancadas do Brasil um fenômeno musical. Na dor, a torcida do Timão, que já havia criado a música “aqui tem um bando de loucos, loucos por ti Corinthians”, cantou emocionada ainda no estádio Olímpico, no dia do rebaixamento, “Eu nunca vou te abandonar, porque eu te amo... eu sou Corinthians”. O tema emocionou jogadores e diretoria.
Mais adiante, no ano da redenção, a Fiel criou um canto inspirado na música “Amigo”, de Roberto Carlos. Saiu então o “Não para, não para, não para...”. O Rei seria ainda inspiração para a música do acesso. A diretoria de marketing escolheu trecho da música “O Portão” para comemorar o acesso.
No dia do jogo contra o Ceará, foram distribuídas 40 mil bandeiras com a frase “Eu voltei, agora pra ficar...”. Só que a Fiel resolveu cantar outra música quando o árbitro apitou o fim do jogo e o retorno estava decretado: “Ô, o Coringão voltou...”.
Mais fiel do que nunca
Em 2008, ano em que disputou a Série B do Campeonato Brasileiro, o Corinthians repetiu os outros grandes que caíram e trouxe para perto o torcedor. Aquele que já era chamado de fiel foi mais fiel ainda. Prova disso foram as viagens que a delegação alvinegra fez ao longo da temporada.
Fosse em Salvador, Curitiba, Fortaleza ou Natal, os aeroportos, treinos, portas de hotéis e estádios estavam sempre repletos de corintianos em busca de autógrafo, fotos... Com a chegada de Ronaldo, em 2009, e de Roberto Carlos, em 2010, esse assédio continuou, mas não com a mesma intensidade do ano da redenção
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